A consciência da identidade e dos objetivos é crucial para qualquer grupo. A identidade refere-se às raízes históricas e características distintivas, enquanto os objetivos derivam dessas raízes, identidade e convicções básicas. Com base nisso, estabelecem-se metas, prioridades e formas de ser e viver no mundo.
Isso é particularmente relevante para os presbiterianos. No entanto, é lamentável que muitos presbiterianos desconheçam sua identidade, sem ter uma compreensão clara de quem são, tanto como indivíduos quanto como igrejas.
Identidade Presbiteriana
A Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB) é uma federação de igrejas que têm em comum uma história, uma forma de governo, uma teologia, bem como uma padrão de culto e de vida comunitária. Historicamente, a IPB pertence à família das Igrejas Reformadas ao redor do mundo, tendo surgido no Brasil em 1859, como fruto do trabalho missionário da Igreja Presbiteriana dos Estados Unidos.
O nome "presbiteriana" vem da maneira como a igreja é administrada, ou seja através de "presbíteros" eleitos pelas comunidades locais. Essas comunidades são govenadas por um "Conselho" de presbíteros e estes oficias também integram os concílios superiores da igreja, qrue são os presbitérios, os sínodos e o Supremo Concílio (SC).
Quanto à sua teologia, a Igreja Presbiteriana do Brasil é herdeira do pensamento do reformador João Calvino (1509-1564) e das notáveis formulações confessionais (confissões de fé e catecismo) elaborados pelos reformados no séculos 16 e 17. Dentre estas se destacam os documentos produzidos pela Assembleia de Westminster, reunida em Londres na década de 1640. A Confissão de Fé de Westminster, bem como o seus Catecismo Maior e Breve, são adotados oficialmente pela IPB como os seus símbolos de fé ou padrões doutrinários.
Quanto ao culto, as igrejas presbiterianas procuram obedecer ao chamado "principio regulador". Isso significa que o culto dever ater-se às normas da contidas nas Escrituras, não sendo aceitas as práticas ou não sancionadas explicitamente pela mesma. O culto presbiteriano caracteriza-se por sua ênfase teocêntrica (a centralidade do Deus triúno) simplicidade, reverência, hinódia com conteúdo bíblico e pregação expositiva.
Origem
Muro dos Reformadores |
O Presbiterianismo derivou da Reforma Protestante no século XVI. Pouco depois que o protestantismo começou na Alemanha, sob a liderança de Martinho Lutero, surgiu uma segunda manifestação do mesmo no Cantão de Zurique, na Suíça, sob a direção de outro ex-sacerdote, Ulrico Zuínglio (1484 - 1531).
Para distinguir-se da reforma alemã, esse novo movimento ficou conhecido como Segunda Reforma ou Reforma Suíça. O Entendimento de que a reforma suíça foi mais profunda em sua ruptura com a igreja medieval e em seu retorno às Escrituras, fez com que seus simpatizantes ficassem conhecidos simplesmente como "reformados".
Inicialmente, o movimento reformado esteve mais ligado a pessoa de Zuínglio. Porém, com a morte prematura deste, o movimento veio associar-se com seu maior teólogo e articulador, o francês João Calvino (1509-1564). A propósito, os "protestantes", fossem eles luteranos ou reformados, só passaram a ter essa designação a partir da Dieta de Spira, em 1529.
Portanto, o movimento reformado é o ramo do protestantismo que surgiu na Suíça, no século 16, tendo como lideres originais Ulrico Zuínglio, em Zurique, e João Calvino, em Genebra. Esse movimento veio a caracterizar-se por certas concepções teológicas e formas de organização eclesiásticas que o distinguiram dos outros grupos protestantes (luteranos, anabatistas e anglicanos) a tradição reformada foi preservada e desenvolvida pelos sucessores imediatos e mais remotos dos líderes inicias, tais como João Henrique Bullinger (1504 - 1575), Teodoro Beza (1519-1605), os puritanos ingleses e outros.
O Termo "presbiteriano" foi adotado pelos reformados nas Ilhas Britânicas (Escócia, Inglaterra e Irlanda). Isso se deve ao contexto político-religioso em que o protestantismo foi introduzido naquela região, no qual a forma de governo da igreja teve uma importância preponderante.
Os reis ingleses e escoceses preferiam o sistema episcopal, ou seja, uma igreja governada por bispos e arcebispo, o que permitia maior controle da igreja pelo Estado. Já o sistema presbiteriano, isto é, o governo da igreja por presbíteros eleitos pela comunidade e reunidos em concílio, significava um governo mais democrático e autônomo em relação aos governantes civis. Das Ilhas Britânicas, o presbiterianismo foi para os Estados Unidos dali para muitas partes do mundo, inclusive o Brasil.
Nascimento, Adão Carlos. O que todo presbiteriano inteligente deve saber/ Adão Carlos Nascimento, Alderi Souza de Matos - Santa Bárbara d'oeste, SP: Z3 Editora, 2007